Entenda por que trombose merece atenção durante tratamento de câncer

A trombose consiste em uma doença grave, causada devido à formação de um coágulo sanguíneo dentro dos vasos sanguíneos, em geral, localizados nas pernas.  

Este coágulo dificulta ou impede o retorno do sangue em direção ao coração, podendo provocar diversas complicações vasculares, a mais grave, um quadro de embolia pulmonar, que consiste no desprendimento desse coágulo e posterior alojamento nos pulmões, podendo ser fatal. 

Em geral, a trombose está associada a diversos fatores de risco, como histórico familiar da doença, tabagismo, obesidade e também com doenças como o câncer, podendo afetar negativamente o bem-estar e a qualidade de vida de pacientes que estão realizando o tratamento oncológico. 

Indivíduos com câncer têm um risco até sete vezes maior de desenvolver  quadros de trombose, quando comparados a pessoas que não estão em tratamento oncológico. Cerca de 20 a 30% dos casos de trombose estão relacionados aos diversos tipos de câncer.

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, o desenvolvimento da trombose v está mais frequentemente relacionado a cânceres de mama, cérebro, pulmão, pâncreas e intestino. 

Isso ocorre, muitas vezes, devido ao tratamento do câncer, que faz com que os pacientes necessitem receber a quimioterapia diretamente na corrente sanguínea, enfraquecendo a parede dos vasos sanguíneos. Cerca de 11% dos pacientes em quimioterapia desenvolvem algum tipo de trombose venosa a cada ano

Além disso, outros fatores que influenciam no desenvolvimento da trombose, são o tipo de câncer e sua localização, tempo de diagnóstico, tipo de tratamento e menor mobilidade que pacientes oncológicos, em geral, têm, seja devido à indisposição ou por consequência da doença.

Quais são os sintomas da trombose?

Os principais sintomas da trombose, podem incluir:

  • Dores que vão se agravando com o passar dos dias;
  • Inchaço;
  • Rigidez dos músculos da região;
  • Vermelhidão;
  • Dilatação dos vasos sanguíneos da perna;
  • Enrijecimento do tecido subcutâneo;
  • Escurecimento da pele.

Outros fatores de risco para o desenvolvimento da trombose

Pacientes oncológicos que fazem tratamento quimioterápico têm risco aumentado de tromboembolismo. No entanto, outras condições de risco podem influenciar no desenvolvimento da trombose, entre elas, podemos citar:

Obesidade ou sobrepeso

O excesso de peso aumenta as chances de desenvolver coágulos sanguíneos, por contribuírem para uma maior pressão nos vasos dos membros inferiores. 

Idade

Com o avanço da idade, assim como os demais tecidos do corpo, os vasos sanguíneos envelhecem e tornam-se mais suscetíveis a lesões e a formação de trombos, podendo desencadear quadros de trombose 

Tabagismo 

Fumantes têm maior probabilidade de desenvolver trombose, pois o cigarro contém milhares de substâncias tóxicas que dificultam a oxigenação do organismo, tornando-o mais suscetível às lesões vasculares, além de intensificar o processo de arteriosclerose, que causa a obstrução crônica das artérias, impedindo a circulação normal do sangue.

Uso de anticoncepcionais

Os medicamentos anticoncepcionais aumentam o risco das tromboses por serem compostos por estrógenos e progestágenos, hormônios que influenciam diretamente na formação dos trombos dentro dos vasos sanguíneos. 

Como realizar o diagnóstico da doença?

O diagnóstico da trombose em pacientes oncológicos não difere do diagnóstico realizado em demais pacientes e pode ser feito com base em uma análise clínica  dos sintomas e dos fatores de risco presentes no paciente, assim como na análise da influência do tratamento. 

O diagnóstico pode ser confirmado por exames de laboratório e de imagem, como a ressonância magnética, a flebografia e o ecodoppler colorido, um método de maior acurácia para garantir o perfeito diagnóstico da trombose.

Tratamento

O tratamento da trombose pretende impedir que o coágulo sanguíneo aumente de tamanho e que se solte na corrente sanguínea, causando complicações como a embolia pulmonar, principal causa de morte em pacientes que desenvolvem a doença.

Portanto, é focado em eliminar os coágulos existentes, evitando que o quadro se agrave e reduzindo as chances da trombose acontecer novamente. As opções de tratamento incluem o uso de medicamentos anticoagulantes e fibrinolíticos, que auxiliam na dissolução dos coágulos. Nos casos de pacientes oncológicos, a melhor forma de iniciar o tratamento também se dá através da terapia para complicações vasculares, baseada no uso de anticoagulantes. 

Em geral, o tratamento nesses pacientes deve iniciar com uma avaliação individual dos riscos e benefícios do uso dos anticoagulantes durante o processo quimioterápico, assim analisando o perfil de segurança da terapia em cada caso.  

No entanto, segundo a diretriz de 2019 da International Society on Trombosis and Haemostais, recomenda-se o uso da terapia oral com anticoagulante em pequena dosagem por cerca de seis meses a partir do tratamento quimioterápico, em pacientes com baixo risco de sangramento e sem interação medicamentosa.

O tratamento preventivo da trombose em pacientes oncológicos com anticoagulantes orais não apresenta nenhum tipo de interferência no tratamento do câncer, seja quimioterapia ou outra modalidade terapêutica. 

Além disso, quando o tratamento pode ser realizado por via oral, há impacto positivo em relação à qualidade de vida desse paciente, evitando que ele precise aplicar injeções diárias por tempo prolongado.

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